O papa Francisco tornou-se involuntariamente pivô de um novo conflito político no governo de Cristina Kirchner. Um suposto convite do papa a alguns ministros, empresários e sindicalistas para uma reunião no dia 19, no Vaticano, divulgado pelos jornais La Nación e Perfil ontem, foi interpretado como uma intenção do papa de promover um diálogo para ajudar a baixar os níveis de tensão social em meio à disparada da inflação e ao início de negociações de dissídios coletivos na Argentina.
O chefe de Gabinete de Ministros, Jorge Capitanich, afirmou que o governo está preocupado pela "manipulação jornalística com o papa", já que outro veículo de imprensa local desmentiu a natureza do encontro.
Segundo relatou a jornalista Alicia Barrios, do jornal Crónica, o papa a chamou para cumprimentá-la pelo seu aniversário, ontem, e desmentiu que tenha reunião agendada com o ministro do Trabalho, Carlos Tomada, o presidente da União Industrial Argentina (UIA), Héctor Méndez, o vice-presidente, Daniel Funes de Rioja, e o secretário-geral do sindicato da Construção (Uocra), Gerardo Martínez.
"Aqui vem José María Del Corral (presidente do Conselho Geral de Educação da Arquidiocese de Buenos Aires), com Ricardo Pignatelli (líder dos metalúrgicos do sindicado Smata) e é uma reunião sobre educação. Não tenho agendada reunião de nenhum outro tipo", teria dito o papa à jornalista. Ela também disse que o papa não demonstrou preocupação com o último discurso da presidente Cristina Kirchner, há uma semana, no qual atacou sindicalistas, empresários, economistas, opositores e quem compra dólares.
O chefe de Gabinete comentou, nesta manhã, que o "desmentido do papa aumenta a falta de crédito de alguns meios de comunicação", que "usam falsamente a figura do papa para manipulação midiática".
O vice-presidente da UIA, José Urtebey, disse à imprensa que "não há clima social para que o papa seja um intermediador". Em seus tempos de arcebispo de Buenos Aires, Jorge Bergoglio, o papa Francisco, mantinha reuniões com políticos, sindicalistas e empresários e era considerado pela presidente e seu ex-marido, o falecido Néstor Kirchner, um dos inimigos políticos do governo.
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